DESPOTISMO INFANTIL

  • 28/02
  • Crônicas
  • Nelson Moraes

        Matéria publicada no Jornal O CLARIM de setembro 2011
       
A revelação das leis da reencarnação traz no seu bojo esclarecimentos importantes para que o ser humano possa entender certos acontecimentos, aparentemente comuns, mas que denunciam necessidades até então ignoradas pela maioria das criaturas reencarnadas.   São as necessidades do espírito, ocultas pelas aparências da nova roupagem com que a vida física o revestiu, e que, embora imperceptível para muitos, são reveladas desde a mais tenra idade corporal.
       O indicativo que aponta para essas necessidades, está nas tendências de comportamentos e reações características da infância. O choro e a birra, conforme a sua configuração, revelam o caráter do espírito que retorna ao convívio terrestre expondo suas necessidades reeducativas, reclamando, desde o berço, o apoio dos responsáveis pela sua educação. O choro natural suplica o afeto e o alimento do corpo, mas o choro seguido da birra, reclama a reeducação como alimento do espírito.

      Atentos para esses detalhes importantes, podemos identificar o que mais precisam de nós e o quanto podemos ajudá-los para que não revivam os mesmos erros praticados em vidas passadas.
      Estamos reencarnados em regime de expiação e provas, por isso a infância biológica ainda é longa em nosso mundo, justamente para facilitar a reeducação que deve ser exercida pelos pais. Entretanto, lamentamos registrar, que a maioria dos pais desconhecem essa realidade e acabam endossando, desde cedo, as tendências infelizes que predominam em seus filhos, por isso prolifera o despotismo infantil no seio de muitas famílias, onde o choro e a birra assumem a voz de comando impondo suas vontades e exigências, transformando os pais em meros serviçais atendendo aos seus caprichos.
     É apenas uma criança! Afirmam alguns pais inconscientes de que, com essa atitude, estão contribuindo para que seus filhos revivam suas tendências menos felizes construídas em outras vidas.
    O amor doentio dos pais pelos filhos, geralmente acaba contribuindo para a proliferação do despotismo adulto, registrado pelas pesquisas como um dos motivos da desagregação familiar, tanto quanto a indiferença e o descaso na educação dos filhos.
     As escolas e as faculdades ensinam, mas só a família tem o poder de educar, abrir mão dessa responsabilidade, é contribuir para a manutenção e o desenvolvimento do caos social que já começa a se configurar nos horizontes do nosso tão maltratado planeta. Não estamos nos referindo ao caos sócio-econômico, mas ao caos moral que abrange todas as camadas sociais.
     É lamentável registrar que o ser humano, por negligenciar o cultivo dos valores morais, os quais tem como estufa e viveiro um canteiro chamado família, acabou construindo uma sociedade onde a astúcia e a sagacidade se sobrepuseram à ética e ao bom senso, transformando a convivência humana em um jogo de interesses onde a fraternidade raras vezes comparece.

     Se o ser humano estivesse sempre atento para educar seus filhos da mesma forma que está sempre pronto para corrigir os filhos dos outros, o mundo já haveria se transformado. Nossos filhos, para nós, são sempre crianças inocentes, mas os filhos dos outros os vemos como crianças mal educadas. A maior contribuição que podemos oferecer para a renovação da sociedade humana será nos educar e educar nossos filhos para o bem, começando com eles desde a mais tenra idade.

     Muitos perguntarão: qual modelo seguir para educar nossos filhos? Então eu recomendo o Mestre dos mestres, o maior pedagogo que o mundo conheceu, que, em tão pouco tempo e com tão poucas palavras, apontou as causas de todos os sofrimentos humanos estabelecendo, com o seu exemplo, o mais completo modelo de pedagogia humana e divina.
    Imitemos a paternidade Divina que, por nos amar em plenitude, nos dá o que realmente necessitamos e não aquilo que muitas vezes pela nossa ignorância desejamos. Dizer não a um filho ou aplicar uma corrigenda, podem parecer, para alguns, atitudes duras e até cruéis, mas, com certeza, quando adotadas com bom senso, revelam o verdadeiro amor que os pais sentem pelos seus filhos.
Nelson Moraes