ANALISANDO O QI E O QE

  • 28/02
  • Crônicas
  • Nelson Moraes

Quando alguém analisa os conceitos e o comportamento de uma pessoa, quase sempre traça um perfil do seu caráter, da sua inteligência e da sua moral. Uns o fazem de forma inteligente porém precipitada, baseando-se apenas no trivial, acabando por incorrer no erro de um pré-julgamento, quase sempre incorreto. Porém, existem aqueles que o fazem de uma forma judiciosa, revelando uma incrível capacidade de sentir a pessoa observada a ponto de julgar com um acerto inacreditável, descrevendo até certas atitudes íntimas do observado. Essa diferença de capacidade se estende até mesmo à área da psicologia e da psiquiatria, onde muitos profissionais pouco conseguem interagir com o paciente e conhecê-lo o bastante para poder ajudá-lo, ao passo que outros revelam um grande sucesso no tratamento dos seus pacientes.
Onde está a diferença? São questões técnicas ou de inteligência?
Não são problemas de técnicas, pois todos aprenderam os mesmos métodos nas faculdades.
O mesmo ocorre em todas as áreas acadêmicas onde os formandos nem sempre se tornam bons profissionais, portanto, também não é uma questão de inteligência, pois para se diplomar em qualquer área é preciso inteligência.
O que ocorre é que a metodologia e a técnica, embora indispensáveis, tornaram-se mais importantes sobrepondo-se às qualidades e capacidades humanas. Hoje se dá uma grande ênfase ao QI (Quociente de Inteligência), porém, o Homem não é dotado apenas de inteligência, vivemos um momento em que devemos dar uma importância maior ao QE (Quociente Emocional). O QE se refere aos sentimentos humanos, à sensibilidade, ao amor e à compreensão. É o lado humano que se comunica com o transcendente, e que, quando apurado, eleva a capacidade do indivíduo na aplicação do QI em qualquer área em que ele atua. O sucesso nas nossas atividades depende de um conjunto de fatores, os quais têm sua importância relativa e que se alteram substancialmente quando falta o QE.
Tivemos na história da sabedoria humana criaturas que demonstraram um alto grau de QE, embora a magnífica inteligência.
Albert Einstein foi uma dessas figuras, inclusive avaliado na escola onde iniciou seus estudos como portador de um baixo QI, com certeza, quem o avaliou não dispunha de um QE elevado.
Analisando a vida e a obra desse magnífico cientista, seus gestos, suas palavras e o seu comportamento, facilmente reconhecemos essa extraordinária qualidade presente em alto grau na sua personalidade. As suas afirmações, transcritas a seguir, respondem a todas as questões colocadas no início desta matéria.
"Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto."
"O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos, como algo separado do resto do universo, numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é um tipo de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto apenas pelas pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza."
"Cada um de nós vem para uma breve visita. Do ponto de vista da vida cotidiana, entretanto, existe uma coisa que precisamos saber: o homem está aqui para o bem dos homens. Acima de tudo, por aqueles de cujo sorriso depende a nossa própria felicidade. E também pelas intocáveis almas desconhecidas com quem nossos destinos estão ligados pelos laços de simpatia. Várias vezes ao dia percebo como minha vida interior e exterior se baseiam nos esforços de meus companheiros vivos e mortos."
Só um QE muito elevado pode perceber a realidade com tanto acerto e profundidade! Já não é um espírita falando de sentimentos e de mortos; é um cientista, um sábio, a quem a humanidade deve muito. A cada período evolutivo vamos nos aproximando cada vez mais da necessidade de valorizarmos os sentimentos, tal qual o fazemos com a inteligência.
Nelson Moraes