VIAJAR NO TEMPO - O sonho de Stephen William Hawking

  • 18/03
  • Crônicas
  • Nelson Moraes

Além da realidade do Universo alcançada hipoteticamente pelo estudo da astrofísica, Stephen William Hawking cogitou da possibilidade de se viajar no tempo, talvez o maior sonho dos Astrofísicos pós Albert Einstein.
Com o estudo do Espiritismo, seguindo algumas revelações e confrontando-as com fatos aparentemente corriquieros na vida das pessoas, vamos perceber que algumas hipoteses remotas construídas pela Ciência faz parte da realidade da vida na expressão mais profunda da natureza.
Uma delas é a viagem no tempo, uma capacidade do espírito vivida por uma gama imensa de pessoas reencarnadas, e que é inerente a sua natureza espiritual, ainda tão desconhecida pela Ciência.

Vejamos: o item 868 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta:
— O futuro pode ser revelado ao homem?
E obteve a seguinte resposta:
— Em princípio, o futuro lhe é oculto e não é senão em casos raros e excepcionais que Deus permite a revelação.

No Livro dos Médiuns, no item 289, pergunta número 12, do cap. XXVI,
Kardec, indaga o seguinte:
— Não há homens dotados de uma faculdade especial que lhes faz entreverer o futuro?
— Sim, aqueles cuja alma se desprende da matéria; então é o espírito que vê; e quando isso é útil, Deus lhes permite revelar certas coisas para o bem; mas há, nisso mais impostores e charlatões.
Nessa resposta contida no Livro dos Médiuns, quando o benfeitor afirma a Kardec que é o espírito que vê o futuro ao se desprender do corpo, entende-se então, que o futuro está delineado em imagens ou em cenas, as quais o espírito pode ver. Não é uma revelação intuitiva, nem mesmo um
presentimento; ele vê o futuro. É obvio que o futuro que ele vê é o futuro Causal que está sendo construído pelas atitudes coletivas e individuais, as quais geram imagens que pairam imantadas ao indivíduo e às coletividades. Caso contrário o destino seria uma fatalidade.

O mesmo se dá com o futuro que planejamos antes de reencarnarmos para fins de resgate ou prova, segundo as nossas necessidades evolutivas. Esse processo esclarece e justifica aqueles encontros ou aqueles acontecimentos inevitáveis. O futuro que prescrevemos é mais suscetível de ser visto e até mesmo vivido pelo espírito quando está fora do corpo, em transe ou durante o sono.

Na década de setenta, eu possuía uma empreiteira de obras. Certa noite, sonhei que tratava a construção de um prédio com o proprietário de um terreno. Era uma pessoa que eu não conhecia, por sinal, um tipo singular; um japonês com um bigode grosso tipo mexicano. Uma característica muito rara na raça nipônica. No sonho, nós estávamos em seu escritório, onde mostrou-me o projeto de um prédio de três andares. Conversamos bastante e, depois de tudo acertado, descemos as escadas do lugar onde estávamos, saímos, viramos à direita caminhamos uns cem metros e viramos novamente à direita e fomos até o terreno que ficava próximo dali. Ao chegarmos lá, com a planta na mão, conversamos sobre os detalhes da obra. Logo depois, acordei.

No dia seguinte um amigo tocou a campainha de casa e me entregou um cartão de visita de uma pessoa, e disse-me: Este é um amigo meu que quer realizar uma obra, eu recomendei você. Ao ler o cartão fiquei arrepiado; o nome da pessoa era Seikiti Kohatsu. Fui ao endereço do cartão, qual não foi a minha surpresa quando deparei com a pessoa que conheci em sonho; lá estava ele, o japonês com o bigode tipo mexicano. O clima de simpatia que nos envolveu foi muito grande.
Mostrou-me a planta, o projeto era de uma obra de três andares. Analisei os detalhes do projeto, discutimos preço, a forma de pagamento, e fomos ao terreno onde o prédio deveria ser construído. Conforme ocorreu no sonho descemos; as escadas saímos à direita, novamente a direita e fomos até o terreno.
O trajeto, as casas vizinhas e tudo mais, demonstrava claramente que fora ali que eu estive. Retornamos ao escritório e acertamos os detalhes do contrato. Alguns dias depois, destaquei um grupo de funcionários e iniciamos a obra.

Um outro caso de um futuro próximo foi vivenciado por um amigo, não espírita, hoje desencarnado, na época, era dono de um depósito de materiais para construções onde eu era cliente. Em uma das minhas visitas comerciais ao depósito percebi que estava muito introspectivo, para descontraí-lo brinquei perguntando se estava apaixonado. Então ele revelou o motivo que estava lhe preocupando o qual não conseguia compreender. Disse-me ele que sonhou que estava retornando de um porto de areia localizado em Itaquaquecetuba próximo a capital de São Paulo, onde dia sim, dia não, ia buscar uma carga de areia. Em determinado momento, teve que frear bruscamente o caminhão que dirigia. À sua frente, havia acontecido um acidente. Desceu do veículo e constatou que um caminhão, também carregado de areia, atropelara uma menina, cuja idade era de mais ou menos uns onze anos. No sonho, vendo-a estendida no asfalto, gravou os detalhes dos cabelos, do laço de fita e da roupa que estava usando quando foi morta. Com os olhos fixos na menina, acordou pela manhã.
No dia seguinte, ainda impressionado com a nitidez do sonho, pegou o caminhão e partiu em busca da areia. Quando retornava com o caminhão carregado, a cena se repetiu exatamente como vira. Reconheceu a criança, os cabelos, a roupa, o laço de fita e o caminhão que a atropelou. Esse acontecimento o deixou perturbado durante meses.


A experiência que vivi é muito comum, acontece com milhares de pessoas, e nos leva a crer que o futuro, além da possibilidade de ser visto, pode também ser vivido com muitos anos de antecedência, conhecido como Déjà vu.
Um amigo chamado Pedro Cruz Carrizo Ortega, que conheci no ano de 1988, contou-me que aos dez anos de idade, quando ainda morava no Chile, sonhou que estava em uma sala de um edifício muito alto e que essa sala era o local onde trabalhava.
Ali havia uma máquina na qual trabalhava. Foi até a janela e quando estava observando os edifícios vizinhos viu debruçadas na janela de um deles que ficava em frente, duas meninas, as quais ficou observando e logo depois acordou. Após vinte e três anos, aos trinta e três anos de idade, veio para o Brasil.
Ao chegar conseguiu um emprego na EMURB, uma empresa da Prefeitura de São Paulo, instalada no edifício Martinelli, localizado no centro da cidade.
Estabelecido nas suas funções, sentia o ambiente fraterno e agradável, certo dia teve a sensação de que aquele momento que estava vivendo ali naquele instante já havia acontecido. Olhou para a máquina em que trabalhava; uma NCR - 3.000 mecanizada usada nos serviços de contabilidade. Confuso, foi até a janela e viu as duas meninas debruçadas na janela do edifício em frente, ao vê-las, imediatamente lembrou do sonho que tivera quando criança.
Por alguns momentos ficou perturbado, comentou o fato com um colega de trabalho e este o aconselhou a não falar com ninguém sobre o acontecimento, pois poderiam julgá-lo portador de problemas psíquicos.
O interessante é que, por ocasião do sonho, a empresa em questão ainda não havia se instalado no referido prédio, as meninas provavelmente não haviam nascido e a máquina ainda não havia sido inventada.
Sem dúvida, são fatos empolgantes que revelam o quanto ainda estamos distantes de compreendermos completamente os surpreendentes mecanismos do Universo.

Nelson Moraes