AMIGUINHO INVISÍVEL

  • 07/06
  • Crônicas
  • Nelson Moraes

Regina e sua família, participavam das reuniões do nosso grupo algun tempo.

Quando começaram, ela tinha um problema que lhe causava sérios aborrecimentos. Jovem cortejada, quando arrumava um namorado e marcava encontro, no momento de se aproximar do jovem sentia-se muito mal, sofria um inexplicável acesso de choro, tonturas, e as vezes até ânsia de vômito.

Quase sempre se via obrigada a romper com o compromisso, informados do caso, iniciamos um trabalho de auxílio espiritual.

Em breve tempo constatamos tratar-se de um espírito que a amava muito, e que, ao vê-la afeiçoar-se à alguém, sentia-se traído. Pela forte ligação com ela por uma provável experiência em vidas pretéritas, ele conseguia se manifestar através dela, daí em diante passamos a conversar com esse espírito regularmente em nosso trabalho de desobsessão.

— Eu a amo! - Dizia ele.

Suas lágrimas nos comovia.

inspirados pelo amigo espiritual que dava suporte ao nosso trabalho, dissemos à ele:

 — Meu irmão, você poderá desfrutar do afeto da nossa irmã de uma forma legítima, renascendo como seu filho.

 — Não... Assim eu não quero. Falaram-me sobre isso. Eu não quero.

 — Você deveria pensar melhor, embora isso faça parte de um projeto para o benefício de ambos, você pode até recusar, mas deveria entender que esta é a solução para por fim ao teu sofrimento.

 — Não... Não...

 Recusava e partia chorando muito.

 Este diálogo repetiu-se por muitas vezes. Em setembro de 1987, Regina conheceu Roberto. Seu problema se agravou, mal conseguia manter contato com o rapaz.

 Desesperada, comunicou-nos o fato. Foi quando o plano espiritual nos informou que Roberto seria o seu esposo. Isso afligia o nosso irmão desencarnado que usava de todos os recursos ao seu alcance para evitar a união dos dois.

 Muitas vezes foi ao cinema com o rapaz, mas logo, sob a influência desse espírito, começava a sentir-se mal. Diante disso, punha-se a chorar estragando o passeio.

 Em vista aos agravantes do caso, os amigos espirituais traziam o irmão para o diálogo todas as semanas. Muitas vezes choramos com ele. Revelava-se um espírito bom, apenas obcecado por um amor doentio pela jovem.

 Após muitas investidas no diálogo fraterno, conseguimos uma trégua, provavelmente os benfeitores amigos o afastaram temporariamente, Regina e Roberto ficaram noivos, e no dia 17 de novembro de 1990 casaram-se.
Porém, o problema não havia terminado, nosso irmão recusava renascer e continuava causando embaraços para o casal. Os diálogos continuaram, sempre num clima de muita emoção, até que, no início do ano de 1992, quando, em uma  noite, durante o trabalho de desobsessão, após a prece de encerramento, uma das médiuns, viu entrar na sala um espírito na forma de criança que olhando para Regina, disse o seguinte:

— Meu nome é Lucas, eu vim ver a minha mãe.

No termino da reunião, ao ouvir o relato da médium, Regina e sua mãe começaram a chorar emocionadas, eu perguntei o porque de tanta emoção, e a mãe disse que quando regina tinha quatro anos de idade, várias vezes a surpreendeu conversando com um amiguinho invisível, nessas horas ela sempre dizia: quando eu tiver um filho ele deve se chamar Lucas, Foi uma grande prova, realmente depois de algum tempo ficou grávida! No dia 10 de outubro de 1993, Lucas retornou para seus braços!

Do livro Pedaço de Estrela